Continuo comentando a viagem que fiz para o extremo sul da Bahia. Nesse post, algumas particularidades de Prado
O fim da miséria da forma
Ainda no primeiro dia em Prado, no extremo sul da Bahia, uma surpresa. Visitamos o ateliê do mestre Agadman. A casa sem muros tem uma escultura de baiana que nos recepciona, é o filho de Agadman, o Agman. Entramos na casa de dois andares de frente para o mar, a vista é linda, o dia vai lentamente embora. Encontramos Agadman, um senhor baixinho, com a barba comprida, magro, as roupas sujas de tintas. Quem olha para ele não imagina o seu talento.
Ele chama os jornalistas para ver sua obra. Uma obra de ilusão de ótica, de reflexos. A casa foi toda construída para que os reflexos do mar e do jardim em determinados momentos do dia transformem a paisagem. Dependendo do ponto que você olha, o mar se reflete dentro da casa e forma “uma pintura viva”, como diz o artista.
Mas o mestre não para por aí. Ele mostra suas pinturas. Explica seu método. A partir de uma forma geométrica, ele demonstra que é possível fazer qualquer tipo de desenho, mesmo para aqueles que não sabem desenhar. “E o fim da miséria da forma”, enfatiza Agadman.
Alto, com os cabelos compridos, Agman segue o pai pelo ateliê e nos mostra suas obras. Ele faz esculturas e objetos em madeiras nobres. Tem diversas peças espalhadas pela casa. Ele mostra as cadeiras que faz, totalmente desmontáveis e sem uso de nenhum prego ou parafuso. Família impressionante!
O beco das garrafas
Como pode uma cidade tão pequena ter tantos restaurantes bons? Esse foi meu primeiro pensamento quando comecei a conversar com os chefs dos estabelecimentos do Beco das Garrafas, local que reúne oito empreendimentos . Fomos no Banana da Terra, mas comemos pratos do Jubiabá, da Cantina do Hugo e Bistrô Dona Flor. Em diversos deles havia o peixe mais cobiçado da região, o budião, de água salgada. Eu não gosto de peixe, mas experimentei. Achei que tem o gosto bem forte.
Nem preciso dizer que foi um festival de frutos do mar e peixes. Pois foi, e quem gosta dessas comidas, se fartou. Já eu, fiquei no risoto, purê de queijo e na macaxeira. Até arrisquei a lagosta que estava linda, mas não consigo me acostumar. Que pena! Na época, os restaurantes trabalhavam nos pratos que seriam oferecidos no 6° Festival Gastronômico do Prado, no qual, durante semanas, habitantes da cidade e turistas podem provar pratos especiais e há um concurso que elege os melhores.
No próximo post, conto minha aventura em Abrolhos
Sylvia Barreto (viajei convidada pela Bahiatursa)
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